Lançada pelo Hulu e no ar aqui no Brasil pelo Disney+, a série “The Bear” (O Urso) rapidamente se tornou um sucesso de crítica e público, com dezenas de indicações ao Emmy e um total de dez estatuetas conquistadas. E diante da trama sobre os desafios pessoais e profissionais do renomado chef de cozinha Carmen “Carmy” Berzatto, a jornalista Kate Farley, editora do MediaFeed, encontrou uma forma de traçar um paralelo com os conceitos de Branded Content e Brand Publishing.
A narrativa acompanha do jovem e premiado Carmy, que abandona seu posto em um dos restaurantes mais prestigiados de Nova York, o Eleven Madison Park, para assumir o The Beef, uma lanchonete à beira da falência em Chicago, deixada por seu irmão falecido. E em artigo publicado recentemente, Farley mostra como as duas experiências – a de produzir a comida para um restaurante que tem um dono e a de tomar as rédeas do seu próprio negócio – podem ser comparáveis às diferentes estratégias de conteúdo.
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Sinopse e contexto da série
A premissa da série é multifacetada, abordando temas como a dor da perda, a luta pela sobrevivência de um negócio familiar e a busca pela identidade. Carmy, ao retornar a Chicago, enfrenta um cenário caótico e repleto de desafios, que vão desde a desorganização da cozinha até a falta de suprimentos e a desmotivação da equipe. O The Beef representa não apenas um local de trabalho, mas também um espaço de memória e legado familiar, que Carmy se esforça para revitalizar.
O contraste entre o Eleven Madison Park e o The Beef serve como uma metáfora poderosa na série. Enquanto o primeiro é um símbolo de alta gastronomia e prestígio, o segundo é uma lanchonete simples, mas com um potencial inexplorado. Carmy, ao assumir o The Beef, não está apenas mudando de emprego; ele está embarcando em uma jornada de autodescoberta e reinvenção, onde sua visão pessoal se torna o centro do negócio.
Mas onde entram o Brand Publishing e o Branded Content na série?
Na verdade, não entram exatamente, pois a série não é sobre isso. A discussão sobre Brand Publishing e Branded Content levantada pela editora Kate Farley usa “The Bear” como referência, traçando um paralelo e revelando insights significativos sobre as abordagens de comunicação e marketing.
O Eleven Madison Park, onde Carmy trabalhou, pode ser visto como um exemplo de Branded Content. Nesse cenário, o chef colabora com outros profissionais para criar uma experiência culinária que se destaca pela sofisticação e criatividade. A marca do restaurante no qual ele trabalha é construída por meio de parcerias e colaborações, com o foco em integrar a mensagem e a imagem do restaurante em uma narrativa relevante para o público.
Por outro lado, o The Beef representa, na comparação feira por Farley, o conceito de Brand Publishing. Ao assumir a lanchonete da família, Carmy se torna o criador de seu próprio conteúdo, moldando cada aspecto do negócio de acordo com sua visão e experiência, desde o menu até a gestão. Ele não depende de terceiros para definir sua marca. Em vez disso, se torna a voz e a autoridade do The Beef, criando um menu e uma experiência que refletem sua identidade e valores. Essa abordagem permite que ele construa uma narrativa autêntica e conecte-se de maneira mais profunda com sua equipe e clientes.
Comparações e implicações para marcas
A análise das abordagens de Carmy em relação ao Eleven Madison Park e ao The Beef ilustra as vantagens e desvantagens de cada estratégia. Segundo a autora do artigo, o Brand Publishing permite um controle total sobre a mensagem e a identidade da marca, enquanto o Branded Content pode alavancar a credibilidade e a visibilidade por meio de colaborações com parceiros respeitáveis. Cada abordagem tem seu lugar e valor, dependendo das metas e dos recursos disponíveis.
Um ponto chave a ser considerado, como destaca a autora, é que a escolha entre Brand Publishing e Branded Content não precisa ser exclusiva. Muitas marcas podem beneficiar-se da combinação de ambas as estratégias, utilizando o Brand Publishing para estabelecer uma base sólida e, ao mesmo tempo, explorando colaborações externas para expandir seu alcance e validação.
Esse equilíbrio pode levar a uma narrativa de marca mais rica e diversificada, permitindo que as empresas se conectem com diferentes públicos de maneiras significativas.
Desafios e oportunidades
A série “The Bear” também nos lembra que, embora haja muitas oportunidades de construção de marca, os desafios são igualmente presentes. A gestão de conteúdo interno e externo pode exigir recursos significativos e atenção cuidadosa para garantir que a mensagem permaneça consistente e autêntica. Medir o sucesso e a eficácia de cada abordagem requer métricas distintas, o que pode complicar ainda mais a estratégia de comunicação.
Além disso, o ambiente de negócios atual, repleto de incertezas e mudanças rápidas, exige que as marcas sejam ágeis e adaptáveis. Carmy, ao enfrentar os desafios do The Beef, exemplifica essa necessidade de adaptabilidade e resiliência. Ele deve não apenas lidar com a dor da perda e a pressão do negócio, mas também encontrar maneiras de inovar e se conectar com sua nova equipe e clientes.
Não é apenas gastronomiam, também é conteúdo
Com base na comparação feita pela editora do MediaFeed, “The Bear” não é apenas uma série sobre gastronomia. É uma meditação sobre identidade, legado e a complexidade de se construir uma marca.
A narrativa de Carmy Berzatto ilustra os dilemas enfrentados por qualquer empreendedor ou marca: como equilibrar controle e colaboração, tradição e inovação.
Por meio do paralelo com o Brand Publishing e o Branded Content, a série nos oferece um espelho para refletir sobre nossas próprias estratégias de comunicação, desafiando-nos a considerar como podemos contar nossas histórias de maneira mais autêntica e envolvente.