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O desligamento do sinal analógico, realizado em agosto de 2024, foi uma etapa crucial para liberar espectro de radiofrequência para a expansão da rede 5G no Brasil, substituindo o antigo sistema pelo digital e permitindo maior velocidade, menor latência e maior capacidade de conexão. Essa mudança, embora prevista, tem grande simbolismo, pois mostra ajuda a pavimentar no país o fluxo da transição midiática que a humanidade vem experimentando no século XXI, refletindo um processo histórico que remete aos avanços tecnológicos iniciados com a invenção do telégrafo há um século. Leia o texto completo e entenda a análise. 
Resumo supervisionado por jornalista.

Após um processo que se estendeu por meses, em agosto de 2024 teve início o desligamento do sinal analógico das antenas parabólicas convencionais. Uma mudança que não é exatamente uma grande novidade, pois já estava prevista e em curso. Mas que tem uma carga simbólica muito forte e é uma das evidências da transição midiática que a humanidade vem experimentando neste século, com a revolução digital, pois remete ao que se experimentou há cerca de 100 anos, com os desdobramentos da invenção do telégrafo.

O desligamento do sinal analógico em agosto foi feito para liberar espectro de radiofrequência para a expansão da rede 5G, que utiliza as mesmas bandas de frequências anteriormente ocupadas pelas antenas analógicas.

Com isso, o sinal analógico dá lugar ao modelo digital, mais pertinente com a realidade tecnológica atual. Era necessário sacrificar o antigo sistema para que o Brasil pudesse expandir e aproveitar mais os benefícios da tecnologia 5G, como maior velocidade, menor latência e maior capacidade de dispositivos conectados.

Espaço para novas tecnologias e formas de comunicação

A transição para o modelo digital total não é apenas uma atualização técnica, mas um reflexo de como a sociedade se adapta às novas tecnologias. Assim como o telégrafo facilitou a comunicação em um mundo em rápida transformação, o sinal digital traz consigo a promessa de maior qualidade, velocidade e interatividade. O Brasil, ao se afastar do modelo analógico, está se alinhando com as demandas de um mundo cada vez mais conectado, onde a personalização e a agilidade na entrega de informações são cruciais.

Em seu livro “Brand Publishing e Transição Midiática – Como a comunicação editorial das marcas vai mudar a sociedade, os negócios e a sua empresa”, publicado pela editora Robecca & Co (2023), o autor Paulo Henrique Ferreira, Diretor-Executivo da Barões Brand Publishing, já fazia uma comparação dos tempos que vivemos hoje com o que a humanidade viveu cerca de 100 anos atrás, quando os desdobramentos da invenção do telégrafo tornaram obsoleta a prensa de tipos móveis de Johannes Gutenberg, inventada em 1450 e tão importante na história da humanidade para a disseminação da informação escrita pelo mundo.

“O telégrafo, rede desenvolvida e implantada por Samuel Morse (entre outros) ainda no século XIX, ganhou escala e se tornou uma rede mundial de informação em tempo real, através dos cabos que levavam impulsos elétricos, quase instantaneamente, para outros países e continentes (inclusive através de cabos submarinos). Os impulsos elétricos transmitidos pelos cabos do telégrafo eram decodificados em mensagens, notícias e informações”, lembrou PH Ferraira.

A partir do paradigma do telégrafo, como destaca o autor do livro, potentes desdobramentos midiáticos foram surgindo, como o telégrafo “sem fio”, depois conhecido como rádio, e o telégrafo “falante”, ou seja, o telefone. O mesmo paradigma foi usado na invenção da televisão.

“Ou seja, a partir da escalada da eletricidade e do telégrafo, da imprensa, do rádio, do telefone e da televisão, surgiu a ‘Sociedade do Espetáculo’ do século XX. Então, o século XX aposentou aquela mídia artesanal baseada na prensa de Johannes Gutenberg. Agora, a mídia estava eletrificada. A escala mudou completamente. Os jornais e revistas eram impressos com grande velocidade, com novos formatos e padrões gráficos” escreveu o diretor da Barões.

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Aspectos técnicos

As antigas parabólicas foram cruciais na democratização do acesso à TV, especialmente em regiões rurais e periféricas. Essas comunidades são as mais impactadas pela mudança, mas também as mais beneficiadas pela nova qualidade de transmissão. O governo e as operadoras têm trabalhado para facilitar essa transição, fornecendo kits receptores digitais para famílias de baixa renda e promovendo campanhas de conscientização sobre o fim do sinal analógico.

De acordo com matéria publicada no Próximo Nível, 8 milhões de domicílios se enquadravam no Cadastro Único e, portanto, tinham direito a receber, de forma gratuita, os kits da parabólica digital, assim como o serviço de instalação desses equipamentos. A modernização responde às demandas de um cenário global cada vez mais conectado.

O desligamento definitivo do sinal analógico das antenas parabólicas não é apenas uma atualização tecnológica para o modelo digital, mas uma estratégia essencial para a implementação do 5G no Brasil. A transição libera o espectro de 3,5 GHz, essencial para o avanço da rede de quinta geração e traz melhorias em termos de qualidade de som, imagem e estabilidade para milhões de brasileiros.

A migração da banda C para a banda Ku permite a regionalização dos canais de televisão, bem como a entrada de novos canais, devido ao menor custo de distribuição na plataforma digital. As bandas funcionam como “estradas aéreas” e o compartilhamento delas pode causar interferência, o que prejudica a qualidade da operação. Dessa forma, a troca pela antena digital, que atua na banda Ku, deixa a estrada livre para o 5G na banda C, como mostra a matéria do TechTudo.

Embora estivesse programado para acontecer no início de 2024, o desligamento dos sinais das transmissões analógicas só se deu no mês de agosto do mesmo ano, quando a Globo e o SBT o fizeram. A primeira emissora a efetuar o processo foi a Record, em março, seguida da Band e RedeTV!, em julho.

Brand Publishing entra na equação

Apesar da diversificação e da regionalização dos canais e todas as melhorias que o modelo digital traz, o celular – a mídia de maior capilaridade da história – se consolida como dominante e traz funcionalidades além da televisão. Com o 5G se firmando, o desempenho dessas funções é potencializado, ajudando na consolidação da “Sociedade da Informação do Século XXI”, com uma demanda do público voltada para a informação, em detrimento da persuasão.

Entenda mais: Entra a “sociedade da informação”, sai a “sociedade do espetáculo”

Nesse ponto, as marcas têm a oportunidade de investir em ativos proprietários de comunicação editorial. Assim, conseguem construir um debate qualificado no setor e se tornarem donas de suas próprias narrativas em meio à transição midiática, que promove uma desintermediação cada vez maior das mídias.

E é essa a importância de se adotar o Brand Publishing como estratégia de comunicação. Ou seja, de se ter um ativo proprietário de mídia. Especialmente diante de casos como a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil e as ameaças de banimento do TikTok nos Estados Unidos, duas plataformas onde as marcas costumam concentrar muito conteúdo, porém sem qualquer controle de métricas ou mesmo de permanência no ar.