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estudo sobre jornalismo e plataformas proprietarias

Estudo mostra que 77% de líderes editoriais pretendem atrair mais audiência por meio de mídias próprias

O relatório “Tendências e previsões de jornalismo, mídia e tecnologia para 2024” traz a intenção estratégica e digital de 314 lideranças de diferentes países

18 de janeiro de 2024

Atrair maior audiência por meio de mídias próprias e em diferentes formatos de conteúdo é a estratégia sinalizada por 77% de líderes editoriais que participaram do relatório “Tendências e previsões de jornalismo, mídia e tecnologia para 2024”, estudo elaborado por Nic Newman,  pesquisador do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, responsável pela  publicação.

 A posição da maioria é baseada na preocupação sinalizada por 63% dos entrevistados sobre o forte declínio do tráfego nas redes sociais. Dentre elas a diminuição de cliques em links compartilhados no Facebook (-48%) e tráfego reduzido do X/Twitter (-27%).

Para a pesquisa foram entrevistados 314 líderes editoriais de diferentes países entre os dias 27 de novembro a 20 de dezembro de 2023.

O impacto da IA no jornalismo

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A inteligência artificial também teve seu recorte no relatório e, como resultado, segundo o documento, as organizações de notícias com visão de futuro procurarão criar conteúdos e experiências que não possam ser facilmente replicadas pela IA. 

“Isso pode incluir curadoria de notícias ao vivo, análises profundas, experiências humanas que criam conexões, bem como formatos de áudio e vídeo mais longos. Mas também se concentrarão na utilização de tecnologias de IA para tornar os seus negócios mais eficientes num clima econômico cada vez mais difícil. Ao mesmo tempo, trabalharão para distribuir conteúdos de uma forma que torne o jornalismo mais relevante para diferentes públicos, ajudando a resolver questões como o baixo envolvimento com notícias”, cita o responsável pela pesquisa.

Para Newman, a opinião sobre o impacto da IA na confiança do público ainda é dividida. “Alguns executivos de notícias citados no relatório mantêm a esperança de que uma enxurrada iminente de conteúdo sintético não confiável fortalecerá a posição do jornalismo e restaurará a confiança. Em contrapartida, outros temem que o público perca a confiança em todas as informações”.

“Passou-se pouco mais de um ano desde o lançamento público do ChatGPT e ainda estamos nos estágios iniciais de compreensão do que isso significa. Esse processo continua, mas este será também um ano em que começaremos a reagir e a construir uma visão para o jornalismo na era da IA ​​e sobre como humanos e máquinas podem coexistir de forma produtiva”, complementa no estudo.

Audiovisual em alta

Na visão dos participantes do relatório, o planejamento e a criação serão maiores na produção de vídeos – 64% dos entrevistados informaram investir mais no formato e 47% tendem a produzir mais podcasts.

O mesmo crescimento também é observado na utilização das redes de vídeo: TikTok (55%) e YouTube (44%). Boletins informativos serão utilizados por 52% dos ouvidos.

“Nos últimos 20 anos, artigos baseados em textos foram facilmente pesquisáveis, a conversa se consolidou em torno deles e eles impulsionaram a maior parte da monetização. Outros formatos, como áudio e vídeo, ficaram em segundo plano. Mas nos últimos anos isso começou a mudar, em parte devido aos novos dispositivos, porque surgiram plataformas especializadas em criação, descoberta e distribuição de áudio e vídeo e em parte porque muitos consumidores mais jovens mostram preferência por usar esses formatos em vez de texto. Alguns editores falam desta mudança de formato como uma “segunda fase” da revolução digital porque para muitas redações tradicionais, será necessária uma mudança cultural significativa do texto para produção multimídia”.

Metodologia aplicada

A pesquisa foi realizada com base nas respostas de 314 líderes entre editores, acadêmicos e especialistas em comunicação de 56 países e territórios, dentre eles: Austrália, Nova Zelândia, Taiwan, Hong Kong, Singapura, Filipinas, Tailândia, Japão, Nigéria, África do Sul, Equador, Costa Rica, Nicarágua, Uruguai, México, Brasil , Colômbia e Israel, porém, o maior número de respostas foi do Reino Unido, dos EUA ou de países europeus, como Alemanha, Espanha, França, Áustria, Finlândia, Noruega, Dinamarca e Holanda.

Os participantes preencheram uma pesquisa online com perguntas específicas sobre a intenção estratégica e digital em 2024.

Nic Newman realiza o relatório de previsões de mídia e jornalismo há 14 anos. Destes, oito deles foram publicados pelo Reuters Institute.

Acesse a pesquisa completa