Tanto no Dia do Empreendedorismo Feminino, celebrado anualmente em 19 de novembro, quanto em todos os outros dias, é essencial reconhecer e celebrar histórias inspiradoras que refletem a força e a determinação das mulheres como donas de seus próprios negócios. Por isso, resolvemos escolher numa pessoa da casa aqui na Barões Brand Publishing para, além de reforçar a importância da data e do tema, adicionar mais uma entrevista à nossa série “Quem faz Brand Publishing“. Vamos contar a história da jornalista e empreendedora Paula Caires.
Após 18 anos de experiência na área de comunicação, Paula fundou, em 2014, a Caires Comunicação, uma agência de comunicação integrada, onde presta serviços para a Barões, como editora de dois portais de conteúdo desenvolvidos para a MRV&CO.: o Habitability e o Sonhar & Morar.
Uma jornada registrada em livro
Paula também é uma das autoras do livro “Quais de mim você procura?”, lançado em 2022, que é parte de um projeto coordenado pela empresária Katia Teixeira, onde compartilha sua experiência como mulher empreendedora, revelando os desafios e triunfos que encontrou em sua jornada.
No capítulo intitulado “Quem não é louco, está morto! A saga que culminou em morte e (re)nascimento”, Paula narra sua trajetória de autoconhecimento e transformação, que teve início durante o Seminário de Comportamento Empreendedor (Empretec), promovido pela ONU e aplicado no Brasil pelo Sebrae. Ela descreve como as vozes internas que a atormentavam se tornaram catalisadoras de sua mudança, levando-a a uma nova compreensão de si mesma e de suas capacidades.
Ao longo dessa jornada, Paula destaca a importância do equilíbrio, da aceitação e da gratidão, propondo que o verdadeiro empreendedorismo vai além das metas e lucros, abrangendo também o crescimento pessoal.
Mulheres donas de negócios
O relato de Paula não é uma exceção, mas parte de um panorama crescente de mulheres empreendedoras no Brasil. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo IBGE, mais de nove milhões de mulheres estão à frente de negócios no país.
Em 2018, elas representavam 34% dos donos de negócios, um dado que reflete não apenas a luta por independência financeira, mas também a contribuição significativa que as mulheres estão fazendo para a economia brasileira.
Como observou Guilherme Afif em seu posfácio no livro, o Brasil ocupa a sétima posição em um ranking que mede a proporção de mulheres à frente de empreendimentos iniciais, demonstrando o potencial de liderança feminina.
Sobre o livro
A oitava edição do livro “Quais de mim você procura?” teve como tema “Mulheres empretecas”, com uma coletânea que reúne as histórias de 46 mulheres que participaram do Empretec, um seminário que visa desenvolver características comportamentais empreendedoras.
O livro, que conta com o prefácio da Dra. Carla Sarni, é um testemunho do poder transformador que o empreendedorismo pode ter na vida de mulheres em diversas áreas.
A obra não apenas documenta as experiências de suas autoras, mas também serve como um guia para outras mulheres que desejam trilhar o mesmo caminho.
O início como empreendedora
Em seu capítulo no livro, Paula revisita momentos de sua vida que a levaram a se tornar uma empreendedora. “A jornada não foi fácil, mas cada desafio enfrentado me levou a um novo patamar de autoconhecimento e força”, afirma a jornalista.
Essa frase resume a essência de sua narrativa, que é marcada pela luta interna contra as vozes de autossabotagem e pela busca incansável pelo equilíbrio.
Ela compartilha sete aprendizados fundamentais que aprendeu ao longo de sua jornada. Um deles, “antes feito do que perfeito”, destaca a importância de agir, mesmo diante das incertezas.
“O perfeccionismo é um parasita que impede o progresso. É fundamental reconhecer que o valor está em fazer, em aprender com os erros e seguir em frente”, enfatiza Paula.
Ascensão do empreendedorismo feminino
A história de Paula Caires reflete um movimento maior no Brasil, onde o empreendedorismo feminino está em ascensão, mesmo diante de desafios como preconceito e a dupla jornada de trabalho.
“As mulheres estão se unindo, formando redes de apoio e criando oportunidades umas para as outras”, diz Paula.
Neste contexto, o Dia do Empreendedorismo Feminino serve como um lembrete do impacto que essas mulheres têm em suas comunidades e na economia do país. O trabalho coletivo e a sororidade entre empreendedoras são vitais para criar um ambiente mais favorável e inclusivo.
“A sensação de vitória é ainda mais gratificante quando é coletiva”, afirma Paula, refletindo sobre a importância de construir laços e apoiar outras mulheres em suas jornadas.
A história de Paula Caires é um exemplo inspirador de como o empreendedorismo pode ser uma força de transformação pessoal e profissional. Ao compartilhar sua experiência no livro “Quais de mim você procura?”, ela se une a um grupo crescente de mulheres que não apenas buscam seus próprios objetivos, mas também inspiram outras a fazer o mesmo.
“Se você está com medo, vá com medo mesmo. O importante é reconhecer sua força e dar o primeiro passo”, conclui Paula, motivando outras mulheres a se lançarem em suas próprias jornadas empreendedoras.
Veja abaixo a entrevista completa que fizemos com Paula Caires:
1. Como surgiu a oportunidade e o que motivou você a escrever sobre sua experiência no livro “Quais de mim você procura?”
Eu fazia parte de um grupo de mulheres empreendedoras que haviam feito o curso Empretec. A Kátia Teixeira, uma mulher e empreendedora multifuncional que passei a admirar muito, é a idealizadora deste projeto e, sabendo um pouco da minha história, me convidou a fazer parte do livro.
2. No livro, você mencionou ter enfrentado seus “sabotadores” durante o Seminário de Comportamento Empreendedor. Quais foram esses desafios e como conseguiu superá-los?
Eu já estava em processo de desconstrução e reconstrução e, como gosto muito de aprender, estava em busca de respostas em diferentes lugares. Fiz permuta para passar com uma coach (pois não tinha nem condições de pagar pelo trabalho dela à época), li diversos livros sobre a relação mente, corpo, energia, universo (um deles mexeu muito comigo – “O Poder da Mente”), eventos de autoconhecimento, e descobri a teoria dos setênios, que fez total sentido pois eu estava com 35 anos. O ponto central era um duelo mental enorme que me atordoava. De um lado, um vontade de ir, acelerar, desbravar. Do outro, uma pressão interna pela calmaria, a tranquilidade, a paz. Tudo isso junto e misturado numa mente tagarela. Era paralisante! Conhecer-me melhor, entender o que realmente aquelas vozes diziam e porque, entender o impacto consciente e inconsciente das relações familiares e até da minha criança anterior foram essenciais para me ajudar a transformar o caos em uma bagunça organizada. Mas a superação é diária e contínua. Somos um ser em construção e precisamos estar sempre superando nossos medos, traumas, corrigindo nossos erros, fortalecendo nossas fraquezas, quebrando paradigmas… viver é movimento, movimento para crescer e evoluir enquanto seres humanos, enquanto almas.
3 – Você compartilha sete aprendizados em seu capítulo. Qual deles você considera o mais impactante em sua vida pessoal e profissional?
Todos se resumem a uma palavra: equilíbrio. O tal do caminho do meio. Como disse anteriormente, havia uma dualidade em minha mente, como se fosse o bom e o ruim. Dois lados antagônicos. Mas aprendi (estou aprendendo) que, como no conceito de yin e yang, os lados opostos são partes interdependentes de um todo. Se tivesse que destacar um daqueles citados, seria o “antes feito do que perfeito”. O perfeccionismo é um parasita. Ele te impede de sair do lugar porque sempre aponta o defeito, o copo meio vazio. Somado ao medo do julgamento, à necessidade de aceitação e autocobrança é extremamente paralisante. Essa frase ainda é recorrente em minha vida, pois quebrar esses padrões tão enraizados não é algo de momento. Mas entender o conceito que ela traz e a importância dele, me ajudou a tirar as coisas do papel, a reconhecer meu valor e minhas vitórias e ser mais amável com os erros, como aquela uma interior que só precisa de acolhimento, paciência e orientação para aprender a fazer o certo e continuar tentando sempre, com a certeza de estar fazendo sempre o seu melhor, de acordo com os recursos que dispõe no momento, mas buscando forma de ampliar tais recursos para fazer melhor, um pouco melhor a cada dia.
4. Como você vê a evolução do empreendedorismo feminino no Brasil nos últimos anos?
Ao meu ver, o empreendedorismo no Brasil se deu muito mais pela falta de oportunidades e condições desiguais nas relações de trabalho e familiares e isso se reflete na realidade dessas mulheres. A lacuna ainda é grande em muitos sentidos, mas acho que os avanços também são enormes, com grupos de sororidade, linhas de fomento e ações de incentivo e capacitação específicos para o público feminino. O que é ótimo, pois é o trabalho e a renda que dão condições para as mulheres se libertarem de tantas amarras.
5. Quais conselhos você daria para mulheres que estão começando sua jornada empreendedora e enfrentam inseguranças semelhantes às que você enfrentou?
Se está com medo, vai com medo mesmo. Você é naturalmente forte, só precisa reconhecer isso, livrando-se de todas as crenças que a nossa sociedade machista fez você acreditar. O caminho do empreendedorismo é desafiador para todos, mas como em tudo, para as mulheres pode ser ainda maior. Isso, no entanto, não deve ser motivo para desistir, pois também há muitos seres iluminados (homens e mulheres) para tornar a carga mais leve. Para isso, autoconhecimento e uma busca contínua por conhecimento técnico, comportamental são fundamentais. Mas, para mim, embora isso seja quase sempre ignorado para que haja pragmatismo na abordagem, trabalhar a sua espiritualidade é essencial! Não estou falando aqui necessariamente de religião, mas de se entender como um ser integral, também composto por uma alma/espírito e integrá-lo nesse processo de desenvolvimento. Ter uma visão de prosperidade, em vez de escassez, ver o melhor das coisas e das pessoas, ser grata… ter uma mente positiva (não a positividade tóxica!) fez tudo fluir melhor e mais leve.
6. E especificamente no mercado da comunicação, como você vê o empreendedorismo e quais caminhos considera os mais promissores?
As relações de trabalho estão mudando e o empreendedorismo na comunicação tem se mostrado um caminho para esse mercado dinâmico, de demandas pontuais e projetos especiais, que demanda a atuação colaborativista, com diversas especialidades se complementando de forma sistêmica. Afinal, a sociedade, suas relações e seus desafios estão mais complexos. O Brand Publishing é um exemplo disso. Uma abordagem de comunicação sistêmica, que reúne diversos saberes, de processos de comunicação, marketing, jornalismo, distribuição, tecnologia… para uma solução completa que permite aos publishers se posicionarem de maneira diferenciada e estratégica nesse contexto complexo marcado pelo excesso de informações, de apelos de marcas, efemeridade, volatilidade e crise de identidade e credibilidade. Da mesma forma que, ao meu ver, é o futuro, na medida em que usa todo o potencial da comunicação para criar relações autênticas capazes de informar, transformar e engajar, como coloquei no novo posicionamento da marca da minha empresa, que visa se posicionar como uma agência de comunicação especializada em conteúdo voltados para múltiplas plataformas, objetivos e públicos.