A era da informação, que hoje é entendida, conhecida e aplicada pelos comunicadores mais antenados, foi, por Michael Rubens Bloomberg, decifrada muito antes. É o que mostra a obra autobiográfica do comunicador – e depois prefeito de Nova Iorque – escrita em colaboração de Matthew Winkler. O “Bloomberg by Bloomberg” (1997) retrata o processo de criação de uma das maiores organizações do mundo, a Bloomberg Finance L.P., cuja premissa era a de que o espectador quer informação, e não entretenimento.

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A narrativa acompanha o empresário desde a infância em Medford, Massachusetts, passa pelas experiências como escoteiro, como estudante e como universitário, até a entrada no mercado financeiro e a construção de um negócio bilionário.

Nascido em uma família de classe média, Bloomberg aprendeu, desde cedo, o valor de trabalhar duro para alcançar seus objetivos. Ainda que sua condição não apontasse para uma carreira de sucesso em Wall Street, ele identificou, a partir de experiências vividas, os pontos fortes e os desenvolveu a fim de crescer profissionalmente. Como escoteiro, por exemplo, pode unir o trabalho comunitário com as ambições pessoais, o que encaixaria, futuramente, com a empresa que trabalhou e com a que criou.

Na escola, assim como na faculdade, não mostrava interesse pelos estudos até os últimos anos. Considerava que não tinha aptidão para ser, puramente, um engenheiro ou algo do tipo, pois gostava de lidar com pessoas. Assim, aproveitou o ambiente para se candidatar a cargos escolares, nos quais aprimorou as capacidades organizacionais, as formas de fazer as pessoas trabalharem juntas, bem como a direção de atividades extracurriculares relativas à escola. Após terminar os estudos na Universidade Johns Hopkins, a qual foi recomendada por um uma colega de trabalho de um emprego de verão, Bloomberg fez especialização na escola de administração de empresas em Harvard.

Com um diploma de Harvard, Bloomberg seguiu o conselho de um amigo e futuro membro do conselho da Bloomberg, Steve Fenster, e procurou a pequena empresa de negociação de bônus, Salomon Brothers. Aceito na organização, ele não se importou em começar por baixo por ter crescido em um ambiente em que as distinções de classe não importavam, afinal, ele sabia o valor do trabalho.

Daí em diante, o livro nos aproxima de como foi a subida de Bloomberg, as dificuldades no meio do caminho também, ao status de sócio solidário na empresa que trabalhou por 15 anos.

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Os anos que trabalhou para a Salomon foram de suma importância para o desenvolvimento de suas habilidades. Durante as doze horas por dia que trabalhava, Bloomberg absorveu a cultura da empresa e passou por alguns cargos, o que lhe concedeu experiência e conhecimento aprofundado em áreas como venda de títulos e computação.

Apesar da posição que ocupava na empresa e do prestígio após ser destaque nas vendas de blocos de ações, Bloomberg não foi  atendido ao pedir que implantassem um sistema de computação na empresa inteira para facilitar a colaboração entre departamentos e a administração de riscos de diversos produtos. O desgaste já existente entre Bloomberg e alguns funcionários, aliado a sua insistência no sistema mencionado, a uma crítica do próprio em relação a empresa e, finalmente, ao acordo entre Salomon Brothers e Phibro Corporation em fundir sociedades, resultou na demissão de Bloomberg.

Demitido e com dez milhões de dólares na conta, Bloomberg não iria se acomodar, não combinava e não condizia com os valores que pautaram a vida dele. Utilizou-se dos recursos que dispunha, do conhecimento em títulos e investimentos, de como a tecnologia poderia ser útil nesse campo e de contatos para oferecer um serviço útil e único no mercado. O intuito era construir um produto que tivesse a capacidade de armazenar e fornecer dados sobre títulos através de softwares de computador simplificados para que todas as pessoas, inclusive os com menor conhecimento técnico e matemático, pudessem fazer suas análises como preferissem. Assim nascia a Innovative Market Systems (primeiro nome da Bloomberg L.P).

Uma vez que Bloomberg não buscava o caminho mais fácil e nem seguia o hype do momento, construiu a empresa sem dados do antigo emprego, usou marcas de computadores, sistemas e linguagens diferentes. Essas atitudes, aliadas a um olhar atento para as mudanças e necessidades do mercado, a uma cultura fortificada dentro da organização e a disposição de montar as coisas à maneira que deseja, conferiu ao negócio uma posição de destaque no mercado.

Embora gerasse apenas números, gráficos e quadros, o terminal Bloomberg já era uma máquina de notícias, já que fornecia, em tempo real para administradores financeiros, preços, valores relativos e tendências. Em meio a uma análise de que o mercado estava em mudança, e que o espectador queria informação, não entretenimento, Bloomberg lançou a Bloomberg News, em parceria com o jornalista Matthews Winkler. Esse foi o primeiro passo para a elaboração de um império multimídia.

A tecnologia não se limitou aos terminais, a Bloomberg News destinava tarefas aos computadores programados para produzirem artigos sobre a posição atual do mercado. Quando compraram a estação de rádio, utilizaram programações parecidas que combinavam informações com o terminal e com partes pré-gravadas para dar informações relevantes no cotidiano. Não foi diferente na TV, eram criadas partes individuais, em momentos diferentes, para depois ser montado da maneira ideal. Esse tipo de montagem se encaixava na proposta de adaptação da programação de acordo com o país que a recebia, seja pela mudança de horário ou seja pela escolha de matérias.

A empresa, que diversificava os produtos por já ter uma base sólida e por ser pertinente, atuava tanto com canais abertos quanto personalizados. O Help Desk, a Bloomberg Magazine, a Bloomberg Press e a Bloomberg Personal eram segmentos de caráter mais exclusivo e personalizado. Eram fundamentais no processo de expansão da empresa, em território nacional (Estados Unidos) e internacional. Não só a adição de produtos à linha da empresa é importante, como também a manutenção dos já existentes, além, é claro, do desenvolvimento da infraestrutura, com suporte e planejamento de contingência para gerar confiabilidade.

O sonho americano foi alcançado, Bloomberg prosperou através do trabalho duro, formou uma empresa referência na área de informação financeira e a partir dos frutos que conquistou, pode contribuir para o desenvolvimento da sociedade através da filantropia. As doações não se reduziram ao dinheiro de Bloomberg, se estenderam à empresa que, atualmente, tem investimento em mais de 700 cidades ao redor do mundo.